Sobre o blog, sobre mim e sobre outras coisas.

O texto grandão de hoje se fez necessário após escutar muitas vezes a pergunta: "Mas e a Cris? O que ela acha da sua versão OFF?" ou "Onde você encontra tanta roupa baratinha?". Acho bacana um post contanto a história do blog, a minha história e do meu saldo com 2 anos de HVA OFF.

Tudo começou quando encontrei o blog da Cris Guerra, enquanto fuçava os links da Paula. Eu nunca, nunquinha tinha entrado em blogs de moda. Apenas conheci a Paula, entrei no blog da marca dela e tinha uma foto da Cris. Entrei no seu blog e, como todo mundo que vai lá, adorei suas produções. Entrei no Para Francisco em seguida - e me debulhei em lágrimas. E, mais uma vez como todo mundo, fiquei pensando naquela mulher que se vestia tão bem, mas tinha uma história de vida tão triste.

Passei a acompanhar seus blogs da agência que eu trabalhava como diretora de arte. E, de tabela, todo mundo da agência passou a fazer o mesmo. A gente só lamentava as roupas de grife, inacessíveis para as pobres mortais. Um dia, quando o chefe não estava, claro, a Júlia, minha designer, criou do nada a versão OFF do Hoje Vou Assim, que na época chamamos de "versão pras pobres" de brincadeira. Quando eu vi o blog, quase me mijei de tanto rir. Na mesma hora convoquei todo mundo pra tirarmos fotos e postarmos o preço das roupas.

É claro que foi só nesse dia. Não atualizamos mais o blog, eu nunca tinha tido um e nem me interessava em ter, pois, de acordo com meu pensamento na época, eu tinha mais o que fazer.

Num feriado, entrei como de costume no blog da Cris e tinha um post assim: "O HVA não pára de virar referência. Olha isso. Sensacional!"
E quando entrei...era o HVA OFF!! E vários comentários da Cris dizendo que tinha amado a ideia, que estava morrendo de rir. Nesse dia eu saquei que a ideia era do cacete mesmo. E eu, que sempre gostei de moda mas me virava em outlets, bazares e brechós, comecei a gostar da proposta de ter um blog que falasse e mostrasse isso na prática.

Tanto que, no iníciozinho do blog, a própria Cris já posou comigo uma produção inteiramente OFF.

Minha família não tem grana, trabalhei para ter bolsa de estudos e usava os livros da biblioteca da faculdade. Então comprar roupas nessa situação é luxo, concordam? Mas não me dava por vencida: entrava em tudo que é loja, desde aquelas portinhas de Copacabana até em loja de grife mesmo e perguntava pelas araras de desconto. Acho que nunca tive medo de entrar e perguntar. Com essa atitude, garimpei muita coisa boa até em loja de shopping!

Quem acompanhar desde o início do blog vai notar uma grande evolução. Antes desse espaço virtual eu estava sempre de jeans+camiseta, achava que vestido a gente usava 2 vezes e já não tinha mais o que inventar dele. O exercício de se fotografar diariamente e de ter um público te acompanhando, te força a ser criativa com o seu guarda-roupa ainda mais quando não se tem dinheiro sobrando para investir em todas as novidades da moda. Assim, fui redescobrindo o tantão de roupa que eu tinha. E fui inventando combinações. E, é claro, nem sempre as combinações dão certo, mas isso acontece com quase todo mundo: bola pra frente, o "erro" de hoje é o acerto de amanhã.

E não, não fico ofendida se você não gostar de algum look aqui. Moda dá espaço a várias opiniões. Por que a sua teria que ser igual à minha? Eu posso concordar ou não. Eu posso repensar um look. E ver que, realmente, um sapato fechado teria sido melhor que a sandália. Ou que a blusa estava fora do contexto. E assim eu vou aprendendo, vou tomando como lição, vou tomando gosto. E ainda assim muita coisa pode ser válida como referência, exercício ou reflexão.

Se eu quisesse um blog para receber exclusivamente elogios, estaria todo dia com alguma roupa da moda. Não fugiria do padrão. Não tentaria inventar combinações com meias-calças amarelas ou rosas. Não viraria blusas do avesso. Não quero um blog para ser a criatura mais fashion do meu bairro. Quero um blog para mostrar que nem sempre precisamos comprar para seguir tendências. Que nem sempre o meu certo pode ser o seu. Que ousar é da minha natureza. Que eu não consigo pagar caro numa roupa. Que pode causar estranhamento, mas aqui na minha cabeça abre caminho para uma série de outras ideias. E nunca imaginei que isso tudo pudesse dar samba.

Eu não tenho quase tempo de entrar nos blogs para acompanhar, meu trabalho exige muita dedicação e até as minhas horas de almoço e de folga. O comprometimento de ter um blog é esse: quando menos se espera, vem um montão de coisas boas. E se descobre muitas outras ao longo do processo.

Update: Acabaram de perguntar pelo twitter e vale a pena escrever aqui: As minhas produções diárias são tanto para o trabalho, quanto quando vou até a esquina tomar sorvete, ao shopping, encontrar amigos, ir ao cinema, a uma festa...quando eu não saio de casa, aviso aos leitores que fiquei indoor (hehe) e monto as produções pro "Comprei e nunca usei" ou testo outras combinações mais improváveis.